Sala de Aula Invertida
A metodologia da “sala de aula invertida” (Flipped Classroom, em inglês), propõe a inversão completa do modelo de ensino. Sua proposta é prover aulas menos expositivas, mais produtivas e participativas, capazes de engajar os alunos no conteúdo e melhor utilizar o tempo e conhecimento do professor.
O conceito de Sala de aula Invertida vem da ideia de se fazer em casa o que era feito em sala, por exemplo, assistir uma aula expositiva e fazer em sala o trabalho que era feito em casa, como: resolver problemas, fazer atividades, trabalhos escolares, projetos, etc. Esse conceito começou a ser desenvolvido já na década de 90, com autores como Eric Mazur, em seu livro “Peer instruction: User’s manual” e Gregor Novak em “Just-in-time Teaching”, que trabalham com a ideia de que o aluno já deve vir preparado para a sala de aula, tendo esse primeiro contato com o tema em casa (não necessariamente com a ferramenta internet) para usar o tempo de aula com o objetivo de potencializar seu aprendizado.
Segundo um levantamento feito na Universidade de British Columbia, nos Estados Unidos, com professores de Física que aplicaram a metodologia, dentre os quais Carl Wieman, prêmio Nobel de Física em 2001, houve um aumento de 20% na presença e 40% na participação dos alunos com o modelo. Além disso, as notas dos alunos participantes foram duas vezes maiores que as das classes que utilizaram a metodologia tradicional.
Na Universidade de Harvard, por sua vez, professores de Matemática conduziram um estudo de 10 anos em suas classes de Cálculo e Álgebra e descobriram que alunos inscritos em aulas invertidas obtiveram ganhos de 49 a 74% na aprendizagem em relação aos alunos inscritos em aulas tradicionais.
O termo Sala de aula Invertida pertence a um guarda-chuva maior em educação, o Ensino Híbrido, ou também conhecido como blended learning (b-learning). Para Luísa Miranda (2005) ensino híbrido “é uma combinação dos recursos e dos métodos usados face a face e online, com a qual se procura tirar partido das vantagens de qualquer um dos dois sistemas de aprendizagem”.
Segundo Christensen, Horn, e Staker (2013) no ensino híbrido, a Sala de aula Invertida surge como ferramenta para professores tradicionais engajarem seus alunos, sendo o modelo mais simples para dar início à implantação do ensino híbrido, dependendo apenas de um bom planejamento dos professores.
Segundo Bloom, existem três níveis na forma de aprender, que resultam em três níveis de eficiência no aprendizado. No campo cognitivo, que é o que a escola atua, ele classifica aprendizado passivo como estando no nível menos eficiente, enquanto o aprendizado engajado, como sínteses, avaliações e trabalhos requerem um nível cognitivo maior. O modelo da sala de aula invertida leva isso em consideração e cria um ambiente em aula para que os alunos possam fazer o trabalho cognitivo pesado, deixando a parte fácil para ser feita em casa.
No Brasil já existem escolas e universidades desenvolvendo o método de Sala de Aula Invertida.
Os 4 pilares essenciais para uma aprendizagem invertida são:
1 – AMBIENTE FLEXÍVEL
O aprendizado flexível permite uma grande variedade de modelos de ensino. Educadores que aderem ao modelo podem rearranjar os espaços para acomodar melhor a sua classe, e ser mais adequado para grupos de estudo ou leituras individuais. Além disso, educadores que invertem suas classes devem ser mais flexíveis quanto às expectativas e prazos colocados para os estudantes.
2 – CULTURA DO APRENDIZADO
No modelo tradicional, centrado no professor, o educador é a única fonte de informação. A educação invertida muda isso completamente e coloca o aprendiz e o aprendizado como centros da aula. Como resultado, os estudantes se envolvem ativamente na construção do conhecimento. Eles são capazes de avaliar o seu desempenho de forma mais pessoal e útil do que provas, por exemplo.
3 – CONTEÚDO INTENCIONAL
Educadores do modelo de educação invertida se preocupam continuamente sobre como eles podem ajudar estudantes a desenvolver o entendimento de conceitos, assim como a sua capacidade de atuar com eles em mente. Ou seja: o conteúdo não deve ser só algo nos livros, mas algo que o estudante seja capaz de aplicar na sua vida de alguma forma.
4 – EDUCADORES PROFISSIONAIS
O papel do professor se torna ainda mais importante nesse modelo. Durante o tempo da aula, eles continuamente observam seus estudantes, lhes dando feedback relevante e olhando seu trabalho. Educadores profissionais devem ser capazes de obter mais conhecimento a partir dos seus colegas, refletir sobre as suas técnicas e aceitar críticas construtivas.
Então, se animou em inverter a sua sala de aula?