Projeto A bonequinha preta

Desigualdades socioeconômicas, preconceito e discriminação de pessoas negras estão presentes na sociedade brasileira, prejudicando a sua formação de maneira mais justa e inclusiva, englobando o âmbito escolar. Na escola, a história afro-brasileira e africana, tradicionalmente, é retratada com o foco implícito de submissão, exploração, desvalorização do negro, levando o aluno a absorver/valorizar aspec­tos negativos sobre sua etnia, contribuindo para a baixa autoestima, não aceitação e não reconhecimento da sua origem, traços, história e batalha por mudanças na socie­dade, com cobrança de seus direitos e oportunidades.

Diversas pesquisas demonstram que o racismo, em nossa sociedade, constitui, também, ingrediente para o fracasso escolar de alunos. Portanto, resgatar e valorizar a história e cultura afro-brasileira e africana é um passo inicial rumo à reparação humanitária para o povo negro brasileiro, pois abre caminho para a nação brasileira adotar medidas para corrigir os danos materiais, físicos e psicológicos resultantes do racismo e de formas conexas de discriminação.

O trabalho com Literatura Infantil, nos trás possibilidades de explorar várias habilidades e competências. Sendo assim, através do livro A Bonequinha Preta pode-se explorar a heterogeneidade na e da escola, como o preconceito racial, buscando, as origens dos participantes, suas descendência, culturas em que estão inseridos, como: comidas típicas, costumes, danças, lendas e religião, não só local, mas também global. Com isso, formar cidadãos críticos e autônomos que participam do processo social, conscientes de seus direitos e deveres na sociedade com base no respeito mútuo.

Principais Objetivos:

  • Combater e prevenir o bulying racial nos diversos espaços da escola;
  • Pesquisar as diferentes culturas presente na comunidade escolar;
  • Trabalhar a interação família – escola;
  • Possibilitar a construção de valorização da cultura africana e a brasileira, buscando uma verdadeira identidade cultural;
  • Estimular a formação de opiniões, atitudes e valores que desenvolvem os cidadãos críticos e éticos para a consciência étnico-racial;
  • Trabalhar a autoestima no educando, para que este possa relacionar-se com os seus pares;
  • Fomentar no educador, a postura, a ética, a educação e a construção de uma autoestima positiva;
  • Desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais independente, com confiança em suas capacidades e percepção de suas limitações;
  • Descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos e cuidado com a própria saúde e bem-estar;
  • Estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e seus pares, fortalecendo sua autoestima e ampliando gradativamente suas possibilidades de comunicação e interação social;
  • Valorizar ações de cooperação, respeito e solidariedade.

Desenvolvimento /Sugestões de Atividades

A hora do conto – O primeiro contato com o livro é o momento no qual as crianças observarão sua capa, lerão o título, falarão tudo o que elas percebem e criarão hipóteses para a história, é uma etapa importante, pois será responsável por gerar expectativas e atenção para aquilo que será contado.

Ao contar a história é importante estimular as crianças a observarem as ilustrações e lançar reflexões sobre cada página.

Durante a leitura é essencial destacar os sentimentos nos quais os personagens estão envolvidos, pois toda ação que realizamos tem como base nossos sentimentos. Desde a infância, é importante que as crianças criem essa consciência: conseguindo identificar que sentimento está estimulando determinada ação, é mais fácil compreender se estamos agindo bem ou mal.

Interpretando – Hora de conversar sobre o livro. O que os alunos acharam da história?

Ao final do conto procure saber dos alunos o que mais gostaram, o que não gostaram, se mudariam algo na história, o que aprenderam com ela, etc. É o início do trabalho com algumas questões relacionadas a valores, amor, egoísmo, respeito ao próximo,amizade,etc.

Surpresa – Ao término da história apresente a bonequinha preta às crianças afirmando que é a mais nova amiga da classe. Permita que segurem-na, acarinhem-na e brinquem com ela.

O desafio – A nova amiga acompanhará a classe em todas as atividades durante o ano e, em cada final de semana, irá para casa de uma criança.

União escola-família – Os pais devidamente informados do projeto deverão comprometer-se de registrar por escrito e através de fotos e desenhos como foi o fim de semana com a nova amiga. Nas segundas-feiras durante a roda de conversas cada um deve apresentar os registros ao grupo.

Conhecendo a autora – Propor que todos pesquisem sobre a vida da autora do livro: Alaíde Lisboa de Oliveira. O(a) professor(a) também deve pesquisar. Construir um cartaz com as descobertas.

A família da boneca – Propor a construção de bonecos e bonecas pretas utilizando materiais diversos. As famílias dos alunos, se engajadas no projeto, poderão ajudar.

Montar uma exposição com todos os bonecos e elaborar textos coletivos contando a vida de cada um dos personagens criados.

Mil e uma artes – Explorar bonecos de massa, pintura, recorte, colagem, desenho, e tudo mais relacionado à história.

Listas e registros – Listar as principais falas dos alunos e registrar com fotos e filmagem cada passo do projeto.

Ampliando possibilidades – Organizar dia de brincadeira com a bonequinha preta e outros brinquedos construídos e levados pelas crianças. Oportunizar integração do grupo e momentos afetivos de descobertas.

Apresentar outras histórias com a mesma temática, como: O menino marrom – de Ziraldo e Menina bonita do laço de fita – de Ana Maria Machado.

O Papel do Professor

Vygotsky sustenta que todo conhecimento é construído socialmente, no âmbito das relações humanas. Essa teoria tem por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento, sendo essa teoria considerada, histórico-social. Este processo, se dá na relação com outro, nas trocas onde o professor aperfeiçoando sua prática constrói, consolida, fortalece e enriquece seu aprendizado. Por isso é importante ver a pessoa do professor valorizar o saber de sua experiência. Neste sentido, NÓVOA (1997) afirma que a troca de experiências e a partilha de saberes consolidam espaços de formação mútua, nos quais cada professor é chamado a desempenhar, simultaneamente, o papel de formador e de formando. Assim, o papel do professor é de fundamental importância para a criança ao iniciar a Educação infantil, esta criança está na idade de vivenciar o processo de socialização e estabelecer amizades.

Ao término do projeto os alunos deverão ser capazes de:

  • Entender o que é o preconceito e suas raízes nas convicções e sentimentos do ser;
  • Compreender porque devemos respeitar as diferenças;
  • Compreender que as diferenças são importantes, porque cada ser exerce um papel fundamental para a vida de todos.

-> Trecho do livro Pedagogia de Projetos: ano letivo sem mesmice. De Paty Fonte, publicado pela WAK Editora.


Paty Fonte (Patricia Lopes da Fonte)

Educadora especialista em pedagogia de projetos, escritora, autora dos livros “Projetos Pedagógicos Dinâmicos: a paixão de educar e o desafio de inovar” ; “Pedagogia de Projetos – Ano letivo sem mesmice” e “Competências Socioemocionais na Escola” – todos publicados pela WAK Editora; autora e tutora de cursos presenciais e on-line de educação continuada a docentes, consultora pedagógica e  palestrante.

Idealizadora e diretora do site Projetos Pedagógicos Dinâmicos 

Instagram: @patyfonte_ppd

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