Planejar é tudo!

Um novo ano letivo e várias reclamações em relação ao planejamento. Recebemos por e-mail e nos encontros de formação continuada o pedido insistente de ajuda dos coordenadores pedagógicos que não sabem como orientar e motivar a equipe docente ao simples ato de planejar. Infelizmente, ainda existem profissionais que acreditam não necessitar de um planejamento semanal, mensal e/ou de curso. E nas classes de Educação Infantil o índice de professores que atuam sem planejamento é maior, seguem as rotinas e um horário dividindo as áreas de estudo durante a semana e agem de maneira improvisada.

Entretanto, o planejamento auxilia na programação de rotinas relevantes e equilibradas. É através do ato de planejar, observando e refletindo sobre a prática que conseguimos organizar o desenvolvimento de atividades que impulsionem a aprendizagem das crianças. Isso ocorre através do registro das nossas ações e, por fim, da avaliação coletiva e individual de todos os envolvidos.

É impossível um trabalho de qualidade sem planejamento. Planejar é tudo! É de suma importância elaborar um planejamento consistente e flexível na sua execução, observando os objetivos do currículo e as necessidades das crianças. Além disso, o planejamento, feito semanalmente, precisa ser compartilhado com os demais membros na escola, de maneira a ajustar-se aos reais interesses e necessidades da instituição, do grupo em questão e da comunidade a qual estão inseridos.

Ao manusear as informações contidas nos planejamentos o educador, munido de argumentação pedagógica e cultural, planeja para a sua turma, levando em consideração a especificidade do grupo – faixa etária; número de meninas e meninos; interesses gerais e particulares; dificuldades das crianças junto a suas famílias e espaços institucionais; contribuições das crianças, suas famílias e dos educadores; presença de portadores de deficiência na turma; recursos disponíveis e o funcionamento da instituição (espaço interno e externo, horários para compartilhar recursos com outras turmas, refeições, sono, higiene, passeios, etc)

De acordo com Ostetto (2000),

“(…) planejar na educação infantil é planejar um contexto educativo, envolvendo atividades e situações desafiadoras e significativas, que favoreçam a exploração, a descoberta e a apropriação de conhecimento sobre o mundo físico e social. Ou seja, nesta direção o planejamento estaria prevendo situações significativas que viabilizem experiências das crianças com o mundo físico e social, em torno das quais se estruturem interações qualitativas entre adultos e crianças, entre crianças e crianças, e entre crianças e objetos/mundo físico. (…)” (Ostetto, 2000:195)

Ao planejar, “o educador vai aprendendo e exercitando sua capacidade de perceber as necessidades do grupo” e as conquistas obtidas, que serão pistas para o avanço do trabalho. Assim, “o ato de planejar pressupõe o olhar atento à realidade.”

O planejamento é, na verdade, a preparação do educador para lidar com as situações de aprendizagem previstas e imprevistas, que é revelada na sua capacidade de lidar com as crianças nos vários momentos do dia. Ele se prepara, dispondo do conjunto de informações sobre determinados temas, a respeito dos quais as crianças demonstraram interesse. Reflete também sobre o tipo de interação possível no exercício da rotina diária (momentos de pequenos e grandes grupos, calmos e ativos, internos e externos). O planejamento vai além da descrição dos diferentes momentos da rotina diária e da simples listagem de atividades.

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