Novas gerações e a dificuldade de se desconectar do mundo digital
As novas gerações e a dificuldade de se desconectar do mundo digital podem estar sofrendo de NOMOFOBIA.
Claramente, a tecnologia, com o seu mundo virtual, cada vez mais tem ocupado espaços no mundo real de pessoas de todas as idades. Facilidades na comunicação e em serviços diversos, além de grande auxílio em pesquisas e aplicativos recreativos, somado a vantagem em ser transportado por ser portátil, permite o seu uso frequente, o que pode ser uma porta de entrada para outras adições, tornando o seu uso mais acessível, o problema se caracteriza quando esse uso se torna compulsivo.
Se o simples esquecimento do aparelho ou o afastamento do mesmo por um período razoável já é suficiente para gerar um sofrimento, bem como a presença da perda de interesse em outras atividades, além de prejuízos de convivência humana e baixo rendimento escolares, e até físicas como a perda do apetite e do sono é preciso ficar atento a um possível problema chamado de nomofobia. Derivado da expressão do inglês “no mobile phone phobia”, o nome criado define o comportamento daqueles que se angustiam diante da impossibilidade ou incapacidade de comunicar-se pelo celular ou computador. A nomofobia é, portanto, um medo incontrolável de ficar sem o celular. O que caracteriza o comportamento daqueles que sofrem com esse problema é justamente a necessidade de ter o aparelho sempre ao alcance das mãos. São pessoas que sentem uma necessidade muito grande de se manterem conectadas. Ficam ansiosas caso não tenham acesso ao aparelho. São sintomas semelhantes ao da abstinência a uma droga, que só são aliviados mediante a retomada do contato ao mundo digital. Tal alívio é proporcionado pela liberação da dopamina, mais conhecida por “hormônio do prazer”.
Um desgaste expressivo na bainha de mielina (substância que envolve o neurônio e aumenta a velocidade de condução do impulso nervoso) presente em dependentes de álcool e outras drogas já é uma das consequências neuroquímica encontrada também em dependentes digitais, segundo pesquisa realizada na Coreia do Sul. Em alguns países como China, Japão e Coréia do Sul já tratam a dependência tecnológica como questão de saúde pública.
Há especialistas que associam a manifestação da nomofobia exatamente ao caráter das novas gerações, cada vez mais imediatista e ansiosa. Quando se pensa no impacto psicológico desse tipo de comportamento, é imprescindível considerar o enfrentamento de um quadro complexo, já que a nomofobia quase nunca aparece sozinha. O indivíduo normalmente já vem de uma situação de ansiedade, stress ou transtornos de humor/personalidade, entre outros. Tratando esses problemas com terapia, é possível ficar de bem consigo mesmo e manter o celular desligado por um bom tempo, na sala de aula e atividades importantes em que a necessidade de concentração se faça presente, inclusive à noite, desfrutando de um sono tranquilo. Além de resgatar as relações e prazeres importantes, saudáveis e necessários da vida real.
Marjorie Calumby Gomes de Almeida.
Psicopedagoga clínica e institucional.
Porto Alegre – RS