Linguagem musical

O ensino de música, fundamental para desenvolver a criatividade infantil, tornou-se novamente obrigatório nas escolas. Sancionada no dia 18 de agosto de 2008 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a lei nº 11.769 passou a valer para o ensino fundamental e médio de todas as escolas brasileiras, que têm, a partir de então, 3 anos para adaptar seu currículo na área de artes. Essa lei altera a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) que determina o aprendizado de arte, mas não especifica o conteúdo.

Desde que o homem associou à sua voz o som de objetos, desenvolveu uma forma de linguagem: a música. A linguagem musical percorreu caminhos semelhantes às fases que as crianças experimentam junto aos sons. Inicialmente, a identificação e imitação dos sons da natureza (animais , vento, água etc.) e do cotidiano (automóveis, brinquedos, telefone, campainha etc.); depois, a construção dos primeiros instrumentos musicais, seguindo-se os registros (escrita musical) e a descoberta de vários ritmos e estilos musicais.

Estas transformações foram e são influenciadas por alguns fatores, tais como: a cultura dos povos (tradições, costumes e religião) e a política.

Música é arte e também ciência de combinar os sons de maneira agradável ao ouvido. É uma linguagem feita de ritmos e sons, capaz de despertar e exprimir sentimentos. A combinação dos elementos básicos que a constituem: som, ritmo, melodia e harmonia, possibilita a sua expressão, que é de enorme beleza.

A música é uma das formas de linguagem com maior poder de penetração entre os jovens, ao lado das linguagens televisiva e cinematográfica. Nas ruas, nos transportes, nas praias e praças encontramos jovens com fones nos ouvidos ligados à sua estação de rádio preferida ou ao CD “da hora”.

Locais freqüentados por jovens não dispensam música ambiente; nos quartos pôsteres e fotos de cantores e grupos musicais, além de sempre aparecer um grande frenesi em torno de um show ou das suas próprias bandas, surgidas muitas vezes na escola. Isto nos faz supor que através da música podemos nos aproximar das crianças e adolescentes.

A música não é só composta por sons. Ela é também formada pela ausência dos sons, isto é, por silêncios.

SOM: são as vibrações audíveis e regulares de corpos elásticos, que se repetem com a mesma velocidade, como as do pêndulo do relógio. As vibrações irregulares são denominadas ruído.
RITMO: é o efeito que se origina da duração de dife­rentes sons, longos ou curtos.
MELODIA: é a sucessão rítmica e bem-ordenada de sons.
HARMONIA: é a combinação simultânea, melódica e harmoniosa dos sons.

A música atua nas fibras mais sensíveis do ser, através das experiências emotivas que proporciona como, por exemplo, o prazer, que é uma forma de emoção. Todos os elementos que estruturam a música sejam modos, andamentos, formas musicais, harmonizações, timbres, ritmos, linha melódica, etc., agem como estímulos. Des­sa forma, provocam reações que podem ser individuais ou comuns a um grupo social. Para que estas reações possam ser consideradas artísticas, é preciso que atuem sobre o lado emocional do ouvinte. Nesse caso, a música estaria cumprindo sua função social, que é a de emocio­nar e comunicar sentimentos. Tanto o executante de uma peça quanto o compositor reagem musicalmente dentro da esfera emocional.

O compositor transfere para sua obra seus sentimentos em forma de ritmos e harmonias. O executante, a partir.de um estímulo que o emociona, colabora com o autor interpretando a execução.

Quanto à criança, ou ouvinte, reage à música através de pensamentos e emoções que variam de acordo com seu nível de sensibilidade. A freqüência com que ela é levada a ouvir e apreciar músicas de boa qualidade é responsável direta pelo desenvolvimento do gosto mu­sical e o despertar da vocação natural do ser criador, o que pode acontecer no homem em qualquer idade.

A música é uma linguagem universal e a sua escrita pode ser lida por qualquer pessoa, de qualquer parte do mundo, desde que sejam conhecidos os elementos que a constituem. O que torna possível diferenciar e identificar uma fonte sonora é o timbre. Assim, mesmo de olhos fechados, podemos reconhecer a voz de um amigo, o som do bater de uma porta, o latido de um cão, o som da chuva a cair… Os timbres são muito variados, pois existe também uma grande diversidade de fontes sonoras. No entanto, o timbre é a única qualidade do som que pode ser alterada. Com a nossa voz podemos reproduzir vários timbres, como os cantores fazem.

O século XXI vem se caracterizando por exi­gências tecnológicas intensas. Nesse contexto febril, deparamo-nos com modelos de ensino que perseguem a racionalidade, distanciando-se de práticas criativas. Os’ meios técnicos de comunicação acabam exercendo um papel avassalador na formação da criança. O espaço para as manifestações artísticas e florescimento da sensibilidade musical a cada dia torna-se mais escasso, mais reduzido. Vivências musicais representam um caminho que deve­mos percorrer no reencontro da sensibilidade do homem. Atividades que exercitem o “sentir” contribuirão para que o futuro adulto possa vir a ter condições de apreciar, numa realização musical, a qualidade dos sons, a técnica instrumental, a execução, etc., usufruindo, assim, um verdadeiro prazer estético, que lhe transmita calma, alegria, bem-estar.

Sugestões de Atividades

Pesquisando o som

  • Sentados em círculo, cada criança sorteará de uma caixa o desenho ou a ilustração de um animal, ave ou inseto. E, sem mostrar aos colegas a figura que tirou, imitará a voz do bichinho, para que os outros adivinhem. Em seguida, uma criança produz uma seqüência de vozes de animais ou timbres, que os colegas deverão repetir bem igualzinho, ou seja, com a mesma entonação, intensida­de e duração.
  • Cada criança vai até o cantinho de música e procura o “saquinho musical”, para sortear um som. O saquinho deve estar cheio de desenhos ou recortes de revista, mostrando cenas ou objetos que tenham interesse para a criança e estejam ligados à sua vida. Esses desenhos ou figuras devem dar a idéia de diversos tipos de sons.
    Exemplo: cenas de natureza, mostrando o mar (se a criança vive em região de praias), rio, cachoeira, chuva, árvores balançando ao vento, etc. Também figuras de brinquedos, transportes ou objetos (peteca, avião, ma­deira sendo serrada, relógio, etc.). Após o sorteio, a criança mostrará o desenho aos coleguinhas e fará, so­zinha, o som que, para ela, esteja mais de acordo com o desenho. Em seguida, os coleguinhas repetirão, em coro, o mesmo som.
  • Os mosquitos machos são atraídos pelo som do bater das asas das fêmeas. As baleias emitem sons que duram cerca de dez minutos e podem ser repetidos várias vezes durante 24 horas. Outros animais também emitem sons, fazem ruídos, comunicam-se

Pesquise com seus alunos os nomes das vozes dos animais e alguns significados destas “músicas”.

Criando ritmos e sons

Formação de rodinha. O professor pede para uma criança para se lembrar de um som do qual não gosta e inventar um movimento para este som. Por exemplo, se ela considerar desagradável o telefone tocando, irá usar a voz e o corpo para representar este som. Todo grupo repete e imita em conjunto. Outra criança pode mostrar o som e o movimento de uma porta rangendo, e assim continua a brincadeira.

O professor propõe a uma criança que mostre um som que lhe agrade e invente movimentos de acordo. O grupo todo deverá repetir e imitar.

Exemplo:

CRIANÇA: PLIM PLIM PLIM – PLIM-PLIM (movimentos de tocar piano)
GRUPO: Repete e imita
CRIANÇA: SMACH (som de beijo, movimento de abraço)
GRUPO: Repete e imita
Após as brincadeiras acima descritas, as crianças escolhem os três sons e movimentos que mais agradaram ao grupo. Em seguida, o professor propõe que as crian­ças escolham o som e o movimento que menos gostaram.
Finalmente, poderá ser organizada com o grupo todo uma seqüência com os sons e os movimentos escolhidos. Por exemplo: todas as crianças em conjunto fazem os sons e movimentos agradáveis e em seguida o som e movimento desagradável, várias vezes.

A voz é única, assim como uma impressão digital. Isto significa que não há,no mundo, uma voz igual a outra .

Mas tentar imitar a voz de um amigo ou de um cantor famoso pode ser muito divertido. Ou mesmo experimentar cantar em tons graves, como um monstro, ou em tons agudos, como um passarinho. Surpresas podem acontecer ao se descobrir o quanto uma voz pode ser modificada.

Ouvindo e expressando

O professor propõe que as crianças, de olhos fecha­dos, escutem a história que a música vai contar.

Obs.: Se não houver aparelho de som a experiência poderá ser feita com rádio, ou com a divisão das crianças em dois grupos: um grupo para cantar, o outro para escutar. Após a divisão das crianças em grupos, o professor pede a um dos grupos que escolha uma canção, para cantar bem de leve e devagar. Enquanto isto acon­tece, o outro grupo de crianças estará escutando, com bastante cuidado, para depois contar aquilo que enten­deu. Assim, após a música terminar, as crianças que só escutaram irão contar, com suas palavras, a história da música.

Variações: o professor propõe que as crianças dese­nhem ao som de música. Mais tarde, pede que cada criança conte o que sentiu, enquanto estava desenhando.

O professor propõe que as crianças façam modelagem ao som de músicas. Após as músicas terminarem, o professor faz perguntas:
Em que pedacinho da música você fez esta cobra? Por quê? E você, por que amassou de repente o seu jarrinho?

O professor tocará melodias suaves quando o grupo está repousando e outras mais ritmadas durante o horário das atividades diversificadas.

Unindo música à dramatização

As crianças ouvem músicas, enquanto o professor propõe ações dramáticas:

  • Andar devagar como uma tartaruga.
  • Sacudir-se como um cachorro sain­ do da água.
  • Embalançar-se como um macaco na jaula.
  • Balançar a tromba como um elefante.
  • Bater as asas como pombos voando.
  • Flutuar como uma borboleta.
  • Mover o nariz como se fosse um coelhinho.

O professor propõe que as crianças criem alguns movimentos e façam os sons correspondentes:

  • Movam seus dedos como se estives­ sem tocando piano;
  • Outras propostas: escrevendo à máquina, amarrando sapatos, chuva caindo, etc.

O professor apresenta várias situações para as crianças, dizendo:

Vamos fazer de conta que…

  • Uma aranha gigante chegou aqui e vocês estão com medo!
  • Um mágico apareceu de repente e vocês levaram um susto!
  • O papai trouxe um presente e vocês ficaram alegres!
  • Um brinquedo quebrou e vocês ficaram tristes.

Em seguida as crianças deverão escolher uma música que combine com cada situação.

Finalmente, o professor vai cantando pedaços das músicas escolhidas e as crian­ças fazem as expressões que caracterizam cada uma.


Poluição sonora

Os ouvidos são extremamente sensíveis ao barulho. A exposição acima de 45 decibéis torna o ser humano estressado, predispondo-o a diversas doenças.

Muito escutamos sobre os malefícios que som alto faz à saúde, que em grandes centros o índice tolerável de ruídos é constantemente superado etc. Após pesquisas, promova debates que levem seus alunos a constituírem atitudes críticas diante das conseqüências da poluição sonora. Pesquisem sobre os programas do IBAMA referentes a este assunto e sua legislação.

Afinal, poluição sonora é um crime contra a saúde ou um crime ambiental?

O som propaga-se no ar, através de uma série de movimentos ondulatórios como as ondas de um lago.

Estes movimentos chamam-se “ondas sonoras” e são causados pela vibração do ar. Na verdade, o som propaga-se através de qualquer substância, o que significa, por exemplo, que somos capazes de ouvir sons debaixo da água. Mas também podemos captar um som propagado através da madeira, se encostarmos o ouvido ao tampo de uma mesa e batermos nele com uma colher. Já imaginaram a quantidade de sons que
podem ser percebidos no interior de uma escola? Fora então, nem se fala! Deixe seus alunos perceberem os sons quanto à sua propagação e densidade em espaços diferenciados. O registro desta atividade pode ser uma bela surpresa.

Referências:

  • Revista AMAE educando n.° 247 – Outubro de 1994
  • Revista Nós da Escola – Coleção Gira Mundo nº12 – 2003.

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