Dinâmicas de Grupo para Reunião de Professores

Sabemos que grupo é o conjunto de pessoas reunidas em torno de objetivos comuns. A aplicação de técnicas de Dinâmica de Grupo vem atingindo proporções cada vez maiores ao longo do tempo, não só na área da Terapêutica, mas também na área de Recursos Humanos (nas atividades de seleção, treinamento, desenvolvimento, outros) e ainda no universo escolar.

Cabe lembrarmos que a expressão Dinâmica de Grupo foi criada por Kurt Lewin e que sua grande contribuição foi trazer para a Psicologia o conceito de grupo como entidade psicossociológica com características próprias e a noção de que o comportamento de um indivíduo é altamente influenciado pelos vários grupos aos quais pertence.

Podemos considerar que a Dinâmica de Grupo é a técnica que movimenta um grupo de pessoas por meio de recursos como jogos, exercícios e brincadeiras que proporcionam a simulação de situações da vida real. Assim, os participantes têm sensações que os levam a agir com maior autenticidade, buscando aprimorar sua conduta.


SUGESTÕES DE DINÂMICAS

Reflexão e exposição

Objetivo: Promover a reflexão do professor sobre seus sentimentos e situação no contexto escolar (podem participar dessa dinâmica pessoas da direção e da administração).

Tamanho do grupo – Indeterminado.

Tempo exigido – 45 a 50 minutos (ou até que todos tenham apresentado seus depoimentos).

Material utilizado – Folhas com o texto e questões a serem trabalhadas (quadro abaixo)

Ambiente físico – Uma sala com cadeiras em número suficiente para acomodar todos os participantes.

Procedimentos: Um membro do grupo (que tenha tomado a iniciativa de promover essa atividade) distribuirá o texto para cada participante. Todos deverão fazer uma leitura cuidadosa do texto e, então, responder às questões que seguem da forma mais sincera possível. Cada um deverá expor suas respostas ao grande grupo. Após todos terem se manifestado, realizar um debate sobre o que sentiram ao elaborar suas respostas.

Observação: Essa atividade é muito rica, na medida em que promove a manifestação dos sentimentos em torno das relações intra e interpessoais, do comprometimento das pessoas entre si e com a escola.


Um membro de um determinado grupo, ao qual prestava serviços regularmente, sem nenhum aviso deixou de participar de suas atividades. Após algumas semanas, o líder daquele grupo decidiu visitá-lo. Era uma noite muito fria. O líder encontrou o homem em casa sozinho, sentado diante da lareira, onde ardia um fogo brilhante e acolhedor. Adivinhando a razão da visita, o homem deu as boas-vindas ao líder, conduziu-o a uma grande cadeira perto da lareira e ficou quieto, esperando. O líder acomodou-se confortavelmente no local indicado, mas não disse nada. No silêncio sério que se formara, apenas contemplavam a dança das chamas em torno das achas de lenha que ardiam. Ao cabo de alguns minutos, o líder examinou as brasas que se formaram e cuidadosamente selecionou uma delas, a mais incandescente de todas, empurrando-a para o lado. Voltou então a sentar-se, permanecendo silencioso e imóvel. O anfitrião prestava atenção a tudo, fascinado e quieto. Aos poucos, a chama da brasa solitária diminuía, até que houve um brilho momentâneo e seu fogo apagou-se de vez. Em pouco tempo, o que antes era uma festa de calor e luz, agora não passava de um negro, frio e morto pedaço de carvão recoberto de uma espessa camada de fuligem acinzentada. Nenhuma palavra tinha sido dita desde o protocolar cumprimento inicial entre os dois amigos. O líder, antes de se preparar para sair, manipulou novamente o carvão frio e inútil, colocando-o de volta no meio do fogo. Quase que imediatamente ele tornou a incandescer, alimentado pela luz e pelo calor dos carvões ardentes em torno dele. Quando o líder alcançou a porta para partir, seu anfitrião disse: – Obrigado por sua visita e pelo belíssimo sermão. Estou voltando ao convívio do grupo. Deus o abençoe!

Responda:
  1. Como você acha que o seu grupo o percebe?
  2. Que tipo de brasa você é dentro do seu grupo?
  3. Em que situações você se transforma apenas num carvão frio?
  4. Quando este grupo o irrita?
  5. Se você pudesse mudar alguma coisa no seu grupo, o que mudaria?
  6. O que pode ser feito, no seu grupo, para aumentar a estima e a confiança entre os colegas e o líder?
  7. Quando algo não está bem no seu grupo, você costuma expressar aquilo que sente e pensa ou fica calado (a) e guarda para você?
  8. Uma coisa que faz com que você se sinta bem no grupo é…
  9. Você sente que é bastante aceito quando…
  10. No seu grupo você sente insegurança quando…
  11. Quando ocorre um conflito no grupo você prefere…
  12. Em que momento o silêncio aparece no seu grupo?
  13. Que título você daria para este texto?
  14. A partir do texto e da nossa reflexão, que recado você deixa para o grupo?


Reflexão sobre O Menininho

Objetivo: Mostrar aos participantes a importância e a responsabilidade de ensinar alguém, bem como cuidados que devemos tomar para não tolhermos a criatividade do aluno.

Número de participantes – Até 30 pessoas.

Material utilizado – Texto: O Menininho (quadro abaixo)

Tempo exigido – 5 minutos para a leitura e 20 a 30 minutos para o debate.

Procedimentos: Um voluntário do grupo dirá que todos vão ler um texto ao qual deverão prestar muita atenção e distribuirá o texto, com a folha virada para baixo até que todos tenham recebido. Alguém do grupo lê o texto pausadamente e em voz alta. A próxima etapa, no grande grupo, servirá para discutir sobre o que entenderam do texto, explorar a mensagem de aprender é tão importante como a forma que se aprende. Refletir e debater sobre o aprender e o arriscar, permitir a expressão da criatividade, rever formas, maneiras, metodologias de ensino.


O Menininho

Era uma vez um menininho. Ele era bastante pequeno. Sua escola era grande. Mas quando o menininho descobriu que podia ir a sua sala entrando pela porta da rua, ele ficou feliz. E a escola não parecia tão grande quanto antes. Uma manhã, quando o menininho estava na escola, a professora disse:

– Hoje nós iremos fazer um desenho.

– Que bom, pensou o menininho. Ele gostava de fazer desenhos. Ele podia fazê-los de todos os tipos: leões, tigres, galinhas, vacas, trens e barcos. Ele pegou sua caixa de lápis de cor e começou a desenhar. Mas a professora disse:

– Espere, ainda não é hora de começar. E ele esperou até que todos estivessem prontos.

– Agora, disse a professora, nós iremos desenhar flores.

– Que bom, pensou o menininho. Ele gostava de desenhar flores e começou a desenhar flores com lápis rosa, laranja e azul. Mas a professora disse:

– Esperem, vou mostrar como fazer. E a flor era vermelha de caule verde.

– Assim – disse a professora, mostrando a sua flor. Agora vocês podem começar. Então, ele olhou para sua flor. Ele gostava mais da sua flor, mas não podia dizer isso. Ele virou o papel e desenhou uma flor igual à da professora – uma flor vermelha de caule verde.

Num outro dia, quando o menininho estava em aula ao ar livre, a professora disse:

– Hoje iremos fazer alguma coisa com o barro.

– Que bom, pensou o menininho. Ele gostava de barro. Ele pensou que podia fazer todos os tipos de coisas com o barro: elefante, camundongos, carros e caminhões. Ele começou a amassar sua bola de barro. Mas a professora disse:

– Esperem, não é hora de começar. E ela esperou que todos estivessem prontos.

 – Agora – disse a professora – nós iremos fazer um prato.

– Que bom, pensou o menininho. Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos. A professora disse:

– Esperem, vou mostrar como se faz. E ela mostrou a todos como fazer um prato fundo.

– Assim – disse a professora. Agora vocês podem começar. O menininho olhou para o seu prato. Ele gostava mais do seu prato do que o da professora, mas ele não podia dizer isso. Ele amassou o seu barro numa grande bola novamente e fez um prato igual ao da professora. Era um prato fundo.

E muito cedo o menininho aprendeu a esperar e olhar, e fazer as coisas exatamente como a professora. E muito cedo ele não fazia mais coisas por si próprio. Foi então que o menininho e sua família se mudaram para outra casa, em outra cidade, e o menininho tinha que ir para outra escola. Esta escola era ainda maior que a primeira. E não havia porta da rua para a sua sala. Ele tinha que subir degraus até a sua sala. E, no primeiro dia, ele estava lá e a professora disse:

– Hoje nós vamos fazer um desenho.

– Que bom, pensou o menininho – e ele esperou que a professora dissesse o que fazer. Mas a professora não disse nada. Ela apenas andava na sala. Veio até o menininho e disse:

 – Você não quer desenhar? – Sim – disse o menininho – mas o que vamos desenhar?

– Eu não sei, até que você faça – disse a professora.

– Como posso fazer? – perguntou o menininho.

– Da maneira que você gostar – disse a professora.

 – E de que cor? – perguntou o menininho.

– Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como eu posso saber quem fez o quê? E qual o desenho de cada um?

– Eu não sei, disse o menininho. E começou a desenhar uma flor vermelha de caule verde.


MARIA CECÍLIA CINEL VESENICK – Psicóloga. CRP n0 07/04042. Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho. Santa Maria/RS.

E-mail: mariaceciliacv@bol.com.br

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