A educação sexual na escola
O que é Educação Sexual?
A educação sexual se relaciona diretamente com a saúde e por isso é necessário estar dentro do currículo escolar, sendo garantia de uma futura geração saudável.
A sexualidade, de uma forma ou de outra, é abordada antes de tudo dentro da própria família da criança, por meio dos valores e crenças de cada grupo ou camada social.
A Orientação Sexual na escola não pretende substituir o papel da família, mas complementá-lo. Para que alcance seus objetivos, necessita de planejamento e intervenção dos educadores.
Como trabalhar?
Os diferentes temas da sexualidade devem ser abordados dentro do limite da ação pedagógica, sem invadir a intimidade nem interferir no comportamento do aluno. Esses temas serão discutidos com todo o grupo. Apenas as crianças que necessitam de uma atenção especial devem ser atendidas separadamente pelo professor ou orientador da escola.
A escola deve questionar os diferentes tabus, crenças preconceitos existentes sobre o assunto. Na discussão sobre virgindade, por exemplo, deve ser abordados todos os aspectos e opiniões sobre o tema, seus significados para meninos e meninas, sua importância nas diferentes culturas, épocas e grupos sociais.
A Orientação Sexual na escola deve, portanto, abordar todas as repercussões do tema transmitidas pela família, pela mídia e pela sociedade, dando à criança as informações de que necessita para formar a sua própria opinião sobre os temas relativos à sexualidade.
Resultado:
As experiências bem-sucedidas com Orientação Sexual nas escolas mostraram um aumento do rendimento escolar, provocado pelo alívio das tensões motivadas pelas dúvidas relativas à sexualidade, bem como maior solidariedade e respeito entre os alunos.
Importante:
Para o trabalho de Educação Sexual deve-se levar sempre em conta a faixa etária com a qual se está trabalhando, pois, em geral, as questões da sexualidade são muito diversas a cada etapa do desenvolvimento. Na puberdade, por exemplo, um ano pode significar uma imensa transformação pessoal em todos os sentidos. É importante que o professor aborde as questões dentro do interesse e das possibilidades de compreensão próprias da idade de seus alunos, respeitando os medos e as angústias típicos daquele momento.
É bastante comum que o mesmo tema surja como de interesse em diferentes momentos para cada aluno (ou grupo), o que não significa que já não tenha sido bem trabalhado. Isso se dá porque, a cada momento, as questões relativas a esse tema se ampliam e se conectam com outras dúvidas e preocupações, demandando portanto, a sua retomada.
O professor deve também estar atento às diferentes formas de expressão dos alunos. Muitas vezes a repetição de brincadeiras, apelidos ou paródias de músicas alusivos à sexualidade podem significar uma necessidade não verbalizada de discussão e de compreensão de algum tema. Deve-se então atender a esse pedido.
Outro ponto a ser considerado para as intervenções do professor nas situações de manifestação de sexualidade de seus alunos em sala de aula é o referente aos valores a ela associados. O professor não deve emitir juízo de valor sobre essas atitudes, e sim contextualizá-las. O mesmo vale para as respostas que oferece às perguntas feitas por seus alunos. Por exemplo, se o professor disser que uma relação sexual é a que acontece entre um homem e uma mulher após o casamento para se ter filhos, estará transmitindo seus valores pessoais (sexo somente após o casamento com o objetivo da procriação).
É necessário que o professor possa reconhecer os valores que regem seus próprios comportamentos e orientam sua visão de mundo, assim como reconhecer a legitimidade de valores e comportamentos diversos dos seus. Sua postura deve ser pluralista e democrática, o que cria condições mais favoráveis para o esclarecimento e a informação sem a imposição de valores particulares.
O trabalho pedagógico é feito principalmente por meio da atitude do professor e de suas intervenções diante das manifestações de sexualidade dos alunos na sala de aula, visando auxiliá-los na distinção do lugar público e do privado para as manifestações saudáveis da sexualidade correspondentes à sua faixa etária. É a partir dessa percepção que a criança aprenderá a satisfazer sua necessidade de prazer em momentos e locais onde esteja preservada a sua intimidade.
Atenção!
Os conteúdos trabalhados devem também favorecer a compreensão de que o ato sexual e intimidades similares são manifestações pertinentes à sexualidade de jovens e de adultos, não de crianças. Com relação às brincadeiras a dois ou em grupo que remetam à sexualidade, é importante que o professor afirme como princípios a necessidade do consentimento e a aprovação sem constrangimento por parte dos envolvidos. Para a prevenção do abuso sexual é igualmente importante o esclarecimento de que essas brincadeiras em grupo são prejudiciais quando envolvem crianças/jovens de idades diferentes ou quando são realizadas entre adultos e crianças.
Ao mesmo tempo que oferece referências e limites, o professor deve manifestar a compreensão de que as manifestações da sexualidade infantil são prazerosas e fazem parte do desenvolvimento saudável de todo ser humano. É necessário cuidado para não humilhar ou expor os alunos: tais manifestações não devem ser condenadas ou julgadas segundo doutrinas morais. Dessa forma o professor contribui para que o aluno reconheça como lícitas e legítimas suas necessidades e desejos de obtenção de prazer, ao mesmo tempo que processa as normas de comportamento próprias do convívio social.