Projeto “O grito”

O desenvolvimento pleno do ser humano apresenta explícita relação entre o conhecimento e a compreensão que este venha a ter do mundo das artes, uma vez que só ele é capaz de arquitetar uma cultura, ou seja, legado histórico para outras gerações. Para o pensador e psicólogo Dewey (1974) a função da arte é desvelar a percepção do subconsciente humano promover um novo olhar ir além do óbvio. O ser humano vivencia a arte como uma experiência de aprendizagem ampla, através da dimensão do sonho, da poesia, das criações musicais, das cores e formas que expressam o sentido da vida.

Concebemos ser de fundamental importância para desenvolvimento humano a relação com diversas formas de arte e cultura. Segundo Vygotsky (2009) A arte é a expressão humana sobre o pensamento e emoções que nos conduz um processo de criação e recriação que envolve o homem em sua complexidade a interação com o seu eu interior e intrapessoal.

Dessa maneira, poderemos ampliar as experiências e tornar a capacidade criadora em memórias afetivas. A escolha da obra “O grito” do pintor norueguês Edvard Munch objetiva proporcionar vez e voz ao aluno nas expressões de sentimentos e emoções, como a BNCC propõe. Principalmente, no momento pandêmico que estamos vivenciando, com perdas e desafios do isolamento social. O Grito se tornou tão importante que possui um espaço ao lado de ícones culturais, como a Mona Lisa de Leonardo da Vinci.

OBJETIVOS GERAIS:

  • Expressar as emoções através da arte e releitura da obra de arte O grito de Edvard Munch.

  • Externalizar os sentimentos através de desenhos, fotografias e relatos orais.

  • Prevenir o suicídio e orientar aos alunos, oferecendo espaço para falarem de seus medos e anseios.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

  • Trabalhar o “setembro amarelo” focando nos sentimentos presos no subconsciente dos alunos;

  • Compreender os sentimentos expressos através de linhas, curvas e cores.

  • Realizar a releitura da tela “O grito” através de desenhos, valorizando os diferentes olhares dos alunos;

  • Proporcionar momento de extravasar sentimentos presos na garganta através do contato com a natureza para realização do abraço verde e do grito coletivo;

  • Despertar o interesse pelas artes e fazer perceber como ela está presente em nossas emoções e sentimentos.

    HABILIDADES DESENVOLVIDAS DE ACORDO COM A BNCC:

3º ANO – Processos de Criação:

EF15AR05P3

EF15AR06P3

 

4º ANO – Processos de Criação:

EF15AR05P4

EF15AR06P4

 

5º ANO – Elementos da Linguagem / Matrizes Estéticas e Culturais:

EF15AR02P5

EF15AR03P5

DESENVOLVIMENTO:

Como há várias perspectivas de uma obra de arte, existem diversas possibilidades de releituras dessa obra. Na perspectiva de Gardner o poder de atração das obras de artes propicia diversos estímulos, que inspiram a sucessão integral de inclinações perceptivas. Nesse caso, para se fazer uma releitura está relacionado a ter uma compreensão além, ir em busca da construção de um novo olhar.

Releitura de uma obra não é uma mera reprodução, todavia um exercício de criatividade e imaginação. No primeiro momento, a professora apresentou a imagem da tela “O grito” e contou um pouco da biografia do artista Edvarde Munch, em seguida exibiu um vídeo sobre a tela em sua criação. Explicou o conceito de releitura de obra e definiu como fazer essa releitura (através de fotografia e desenhos),estimulando cada aluno a produzir a releitura sob sua ótica. Nesse momento, é importante que cada aluno utilize sua liberdade criadora nos desenhos, expressando verdadeiramente suas emoções e sentimentos. No segundo momento, os alunos apresentaram suas releituras. Já no terceiro momento ocorreu uma sessão de fotos com moldura de quadro, onde os alunos representaram os seus gritos.

ATIVIDADES:

  • Rodas de conversa, apresentação da obra, da biografia do artista e leitura do de um trecho do diário Edvard Munch (1892), além de textos informativos.

  • Exibição de vídeos sobre a tela “O grito”, setembro amarelo, prevenção contra suicídio e o poder do abraço.

 

  • Releitura da tela “O grito”, de Edvard Munch (1893).

  • Colorir o desenho representativo da obra, interpretando as cores e as linhas em ondulações que provocam a sensação de movimento.

  • Dinâmica do grito – gritar em conjunto, depois individualmente, expressando uma gama de emoções: raiva, alegria, tristeza, dentre outras.

  • Dinâmica do abraço – o poder do abraço que pode salvar uma vida e o abraço verde, o qual consiste em abraçar uma árvore e sentir a energia que emana para si, receber a força da natureza e esvaziar nela seus sentimentos.

  • Trabalhar o texto “A invenção do abraço”, de Ricardo Silvestrin e a música “Que abraço bom” – Pequenos Atos 1.

  • Releitura da tela desenhando o seu próprio grito.

  • Fotografia dos alunos expressando seus gritos, utilizando como recurso uma moldura de quadro.

CULMINÂNCIA:

  • Realização de um tour no sítio da Alexandra, funcionária da escola, para a realização das dinâmicas de conexão com a natureza, o abraço verde e o extravasar dos gritos, momento crucial para expressão de todas as emoções e sentimentos, até aqueles escondidos no recôndito do subsconciente.

  • Exposição das produções dos alunos e da documentação do projeto, fotografias e pequenos vídeos de seu desenvolvimento.


Trecho do diário Edvard Munch, havia um escrito de título “Nice, 22 de janeiro de 1892”, no qual estava escrito:

Uma noite, eu estava caminhando por um trajeto, a cidade estava de um lado e o fiorde abaixo. Eu me sentia cansado e doente. Parei e olhei para o fiorde – o sol estava se pondo e as nuvens ficando vermelhas como o sangue. Senti um grito passando pela natureza; pareceu-me ter ouvido o grito. Eu pintei este quadro, pintei as nuvens como sangue real. A cor gritou. Isso se tornou O Grito.

Tempos mais tarde, ele também escreveu:

Eu estava caminhando pela estrada com dois amigos – o sol estava se pondo – de repente, o céu ficou vermelho-sangue – fiz uma pausa, me sentindo exausto, e me apoiei na cerca – havia sangue e línguas de fogo acima do fiorde azul-escuro e da cidade – meus amigos caminharam, e eu fiquei ali tremendo de ansiedade – e senti um grito infinito passando pela natureza.

REFERÊNCIAS:

DEWEY, John. Arte como experiência. In. Os pensadores. Trad. Murilo Leme. São Paulo: Abril S.A. Cultural e Industrial, 1974

GARDNER, Howard. As artes e o desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artes Médicas Sul,1997.

VYGOTSKY, Lev S. A Imaginação e a Arte na Infância. Madri: Akal, 2009.


Sirlene Aparecida Damasceno dos Santos – MG

Graduada em Pedagogia e Artes Visuais; pós graduada em Orientação e Supervisão escolar; pós graduando em Neuropsicopedagogia, Educação Especial, Múltiplas inteligências, Minderffluerness e Competências Socioemocionais.

Integrante do grupo Equalizando Emoções @equalizandoemocoes 

Desenvolve projetos de Artes, sempre aliando às Competências Socioemocionais.

É professora por opção e não por imposição!

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