Matemática e Literatura
Sugestão de Projeto para ser aplicado ao trabalhar o livro:
Clact … Clact… Clact…
Liliana e Michele Iacocca, Editora Ática, 1988.
O livro conta a história de uma tesoura que encontra muitos papéis picados.
Descontente com a qualidade dos recortes e com a desordem dos papéis coloridos, a tesoura resolve arrumar os papéis e para isso utiliza recursos como classificação e montagem de formas geométricas.
Público – alvo: Alunos do Infantil II na faixa de 4 a 5 anos.
Duração: Aproximadamente duas semanas.
Recursos utilizados:
- Livro Clact…Clact…Clact…
- Papeis coloridos
- Papel oficio
- Cola e tesouras
- Sucatas: caixinhas, latas, tubos, carretéis, rolos de papel,etc.
- Quadro branco ou de giz
- Giz
- Figuras geométricas coloridas em tamanho grande
- Aparelho de som e CD
- Vendas
- Objetos variados facilmente encontrados no ambiente escolar.
O ato de aprender não é natural e, tampouco, espontâneo: requer investigação, averiguação, questionamento, mudança, resistência, criação, dúvida, ebulição, enfim, transgressão.
Justificativa:
A pré-escola é um espaço privilegiado para o ensino das bases da matemática. A educação matemática nas turmas de Educação Infantil deve visar à construção de um saber que capacite nossas crianças a pensar e a refletir sobre a realidade, assim como a agir e transformá-la. Dessa forma, será possível aos nossos alunos encontrar a razão e o motivo para aprender matemática. E gostar!
O que é alfabetização? Em suma, é apropriar-se de outras formas de leitura do mundo onde se inclui a palavra escrita, a quantificação deste mundo, a historiorização, a construção do tempo, do espaço e de suas relações etc. Assim, o conhecimento matemático inclui-se no conceito de alfabetização em seu sentido mais amplo e como tal não pode ser tratado isoladamente, especialmente no caso das turmas de educação infantil.
Acredita-se que a criança constrói suas bases matemáticas pela necessidade de resolução de problemas de seu tempo, impostos pela complexidade de situações da sociedade e, como o homem dito “primitivo”, parte de um sentido de número para uma construção abstrata deste, sendo uma construção onde o fator tempo ocupa lugar relevante.
Para que o ser humano se relacione bem com a Matemática é necessário que faça todas as relações possíveis entre os objetos: é igual, é diferente, é maior, é menor etc. Do ponto de vista pedagógico, é importante que o professor leve a criança a construir todas as relações possíveis entre os objetos, nas construções do seu próprio brincar: agrupar objetos por suas semelhanças; fazer classificações simples e em série; comparar tamanhos: maior, menor, igual etc.
A mesma lógica que nos faz perceber a Matemática desligada da vida leva o professor de Educação Infantil a não querer enxergar sua prática além de seu cotidiano. Essa lógica o faz buscar insistentemente receitas para seu trabalho e o afasta da fundamentação, faz com que ele próprio queira manter-se limitado, pois é levado a crer que para trabalhar com crianças basta gostar delas.
Comumente os professores ensinam as crianças a contar, a ler e a escrever os signos matemáticos sem que a criança tenha construído a estrutura mental do número. Assim, o que elas fazem está apenas relacionado às suas capacidades de memorizar.
Todas as situações de sala de aula podem e precisam ser exploradas pelo professor, visando encorajar seus alunos a pensarem acerca dos conceitos de número e de matemática em geral.
As noções de Geometria nas turmas de Educação Infantil e 1o Ciclo do Ensino Fundamental se desenvolvem a partir da manipulação de objetos: caixinhas, latas, blocos de madeira, de plásticos, tubos, carretéis, rolos de papel, para as crianças verificarem aqueles que possuem superfícies planas, curvas, os que rolam e os que não rolam, os que tem arestas ou bicos, os que possuem cantos arredondados entre outros, além de jogos e brincadeiras onde as crianças possam explorar o espaço que as cerca observando e construindo conceitos.
Infelizmente, alguns professores ainda insistem em transmitir os conteúdos da Geometria elementar através de “folhinhas” xerocadas ou mimeografadas ou somente baseados em livros didáticos, antes se quer de permitir que os alunos explorem bastante o espaço e os diversos e diferentes tipos de material existentes. Exercícios preparados como: pinte o triângulo, cole pedacinhos de papel no quadrado, desenhe círculos, forme desenhos com linhas retas, entre outros, são usados como única forma de aprender Geometria.
Ao contrário, o ideal é iniciar um estudo partindo de materiais concretos e de forma lúdica onde as crianças construirão os conceitos geométricos assim como também os de classificação, seqüência e ordenação.
Integrar literatura nas aulas de matemática representa uma substancial mudança no ensino tradicional.
Em suma, defendo um ensino de Matemática e por conseqüência de Geometria, que parta da realidade e do concreto; que adapte a criança ao ambiente escolar, dando-lhe oportunidade para que ela se revele em todos os seus aspectos: intelectuais, afetivos, sociais e físicos; um ensino que nivele e enriqueça as experiências geométricas prévias levadas pelas crianças para a sala de aula.
Segundo Kátia Smole, o uso da literatura infantil desperta a curiosidade dos alunos de forma que “ ele volta muitas vezes para acrescentar outras expectativas, percepções e experiências…(1995)” assim contribuindo para que os alunos façam e aprendam matemática.
Objetivos:
- Mostrar que é permitido sentir a matemática na literatura e aplicá-la na vida e na escola;
- Desenvolver o senso de relações espaciais;
- Dominar conceitos e linguagem da geometria;
- Ampliar o conhecimento de mundo dos alunos;
- Explorar os diferentes objetos e materiais gráficos, plásticos, etc, descobrindo novas formas de manuseio, percebendo características, efeitos e propriedades diversas;
- Interessar-se pelas próprias produções, pelas de outras crianças e pelas diversas obras artísticas com as quais entrem em contato;
- Desenvolver o gosto, o cuidado e o respeito pelo processo de reprodução e criação;
- Abordar noções referentes a formas geométricas planas;
- Observar semelhanças e diferenças;
- Seriar, comparar e classificar;
- Levar os alunos a perceber as características próprias de cada figura;
- Identificar as figuras da história;
- Descobrir onde a geometria está presente em nossas vidas;
- Identificar, descrever e nomear formas geométricas básicas.
Ações:
- Contar a história de forma lúdica, explorando as ilustrações objetivando desenvolver habilidades de pensamentos, tais como: previsão, checagem, levantamento de hipóteses, tentativa e erro.
- Contar a história uma segunda vez propondo que os alunos vivenciem-na, oferecendo papeis coloridos e uma tesoura sem ponta para cada um.
- Propor que apresentem suas produções e recontem a história, do seu modo, alertando para a seqüência: início, meio e fim. Fazendo as devidas intervenções e instigando quando necessário.
- Como esse é um livro sem final definido, pois após organizar todos os papéis, a tesoura espirra e tudo fica como ela encontrou no início, discutir esse fato com os alunos e propor a eles que elaborem um outro final para a história.
- Propor que os alunos explorem caixinhas, latas, blocos de madeira, de plásticos, tubos, carretéis, rolos de papel, para verificarem aqueles que possuem superfícies planas, curvas, os que rolam e os que não rolam, os que tem arestas ou bicos, os que possuem cantos arredondados entre outros, além de jogos e brincadeiras onde as crianças possam explorar o espaço que as cerca observando e construindo conceitos.
- Propor às crianças que procurem lugares na escola onde possam achar diferentes figuras geométricas e brincar de encontrar objetos nas diferentes cores. Localizar objetos com base nas pistas dadas pela professora, como: “Está a direita do quadro e a esquerda da janela.”
- No pátio desenhar no chão, com giz, as figuras geométricas e propor que as crianças andem sobre elas. Enquanto isso questionar:
- O que aconteceu neste canto?
- Quantos passos você deu em cada lado quando andou sobre a figura?
- Quantos giros você fez?
- Por que você teve que girar?
- Quantos cantos você encontrou?
- Por quantos lados você andou?
Depois, com os olhos vendados, propor que as crianças percorram as figuras, sempre colocando um de guia que deve dizer que direção o colega deve tomar.
De forma lúdica brincar de “macaco mandou” explorando cores, figuras e quantidade, por exemplo: “Três crianças devem entrar no círculo vermelho, duas no quadrado amarelo e uma no retângulo verde.”
- Brincar de “dança das figuras” – assim que a música começa a tocar todas as crianças que estão participando da brincadeira, começam a andar em volta das figuras. Quando a música parar, cada criança entra em uma figura, não sobrando criança. Nesse momento perguntar para cada criança. Por exemplo: Qual o nome dessa figura? Quem erra sai da brincadeira. A música volta a tocar, mesmo tendo um número de crianças menor que o número de figuras. Quando pára, as crianças vão para uma figura em que não tenham entrado. Repetir o questionamento anterior ou se considerar possível, modificá-lo. Por exemplo: Quantos lados tem a figura? Quantos cantos (vértices)? O que tem mais, cantos (vértices) ou lados? A brincadeira termina quando sobrar apenas uma criança.
- Propor que todos ajudem a elaborar uma lista com as características das formas utilizadas na brincadeira.
- Com papeis coloridos, propor às crianças que separadas em grupos criem as seguintes figuras:
- Centopéia
- João Bolão
- Robô
- Casa
- Igreja
Com todas as figuras criadas produzir uma história coletiva dando vida as mesmas e montar um livrão com a história da turma.
Referências Bibliográficas:
- BIGODE, Antonio L. Matemática Hoje é Feita Assim. São Paulo: FTD, 2000.
- GRASSESCHI, Maria C. C. et al. PROMAT: Projeto Oficina de Matemática. São Paulo: FTD. 1999.
- KAMIL, Constance. A criança e o número. Campinas: Papirus, 1985.
- LOVELL, Kurt. O desenvolvimento dos conceitos matemáticos e científicos na criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
- REMA. Revista de Educação Matemática. Rio Grande: Departamento de Matemática da FURG, v. 1, n. 1, 2002.
- RIZZO, Gilda. Jogos inteligentes: a construção do raciocínio na escola natural .Rio de Janeiro. Bertrand Editora., 1996.
- SILVA, Maria Helena Braga Rezende Didática da Matemática. Editora Conquista, 1985.
- Além de relatos de experiências de profissionais de educação que divulgam seu trabalho na internet.
Paty Fonte (Patricia Lopes da Fonte)
Educadora especialista em pedagogia de projetos, escritora, autora dos livros “Projetos Pedagógicos Dinâmicos: a paixão de educar e o desafio de inovar” e “Pedagogia de Projetos – Ano letivo sem mesmice”, ambos publicados pela editora WAK; autora e tutora de cursos presenciais e on-line de educação continuada a docentes, coach, palestrante.
Idealizadora e diretora dos sites: www.projetospedagogicosdinamicos.com e www.cursosppd.com.br
Contatos: www.patyfonte.com.br | www.facebook.com/pedagogiadeprojetos/